Enquanto a Força Aérea Brasileira está dando os primeiros os para a implantação dos caças Saab Gripen em serviço, a fabricante sueca tenta um novo cliente para o jato monomotor: a Colômbia. No entanto, um forte concorrente, o F-16 Block 70 da Lockheed Martin, também disputa esse mercado.
A Força Aérea Colombiana (FAC), deve começar a dar baixa na sua veterana frota de caças IAI Kfir a partir do primeiro semestre de 2023. Apesar de ter investido em uma extensa modernização, que deu aos jatos israelenses até mesmo radares AESA, a FAC tem sofrido com o estado dos aviões, que já apresentam os sinais da idade e o uso por décadas.
Prestes a aposentar seu principal vetor de combate aéreo, Bogotá busca por um substituto. O ministro da Defesa, Iván Velásquez, se encontrou nesta semana em Washington com seu colega norte-americano Lloyd Austin III. Eles falaram sobre temas como combate às drogas, direitos humanos e as negociações com a guerrilha de esquerda ELN (Exército de Libertação Nacional).

Apesar de não terem discutido sobre a compra dos caças, Velásquez comentou sobre o assunto no final da reunião. Segundo o portal colombiano Bluradio, o ministro enfatizou que o plano de substituição dos caças está mantido, assim como o de outros sistemas antigos.
“Dentro do Sistema de Defesa Nacional, no projeto que tem de sustentar as capacidades das Forças Armadas, está prevista a substituição não só do kfir, mas de muitos elementos que estão a atingir a idade da obsolescência”, afirmou.
Ele confirmou que dentre as propostas recebidas por Bogotá está a da Saab com o Gripen E. Ainda que a sueca sempre ofereça parcerias industriais e generosos acordos offset, o custo unitário do Gripen E, cerca de US$ 85 milhões, pode acabar favorecendo o adversário dos Estados Unidos, o F-16V Block 70, que custa cerca de US$ 63 milhões, sem contar a grande parceria entre Washington e Bogotá.

Após perder contratos na Finlândia, Canadá e República Tcheca (todos para o F-35), a companhia tem buscado uma série de mercados para oferecer o caça multimissão. Até agora apenas 100 aviões foram encomendados: 60 para a Força Aérea Sueca e 36 (+4) para o Brasil. Já a Lockheed garantiu encomendas para Bulgária, Eslováquia, Bahrein e Taiwan e retomou recentemente a produção do modelo.
“Não houve nenhuma conversa com o governo dos Estados Unidos, é uma decisão exclusiva do governo colombiano. O que o presidente Petro propôs é conseguir os melhores benefícios para o país. Se isso se consolidar, será feita a compra mais lucrativa para a Colômbia”, disse o ministro.

A Colômbia chegou a avaliar a compra de caças F-16 MLU usados da Dinamarca, algo que também é considerado pela Argentina, que vive uma outra longa novela para comprar novos aviões de caça. Outro fato que poderá pesar na decisão é o reabastecimento em voo. O Boeing 767 da FAC reabastece os Kfir por meio de sonda e cesta, ao contrário do F-16 que usa a lança voadora para receber combustível em voo. Dessa forma, a FAC teria que adquirir não só caças novos mas também um novo avião-tanque, mesmo que seja um KC-135 usado, uma possibilidade que a própria Argentina também estaria avaliando.
Independente da futura decisão de Bogotá, o fato é que a FAC vive uma corrida contra o tempo para selecionar e começar logo a aquisição de um novo avião de caça.