O governo da Argentina adiou para 2023 a escolha de um novo avião de caça supersônico para sua força aérea. O país analisa três opções: o PAC JF-17 sino-paquistanês, o HAL Tejas da Índia e caças F-16 usados da Dinamarca. A expectativa era de que uma decisão fosse anunciada em dezembro.
A notícia vem dias depois que o embaixador argentino da China se reuniu com representantes da CATIC chinesa. Eles falaram sobre a proposta do JF-17 (que parece ser o modelo favorito), bem como melhorias na cooperação entre Pequim e Buenos Aires no setor de defesa.
Segundo o portal Zona Militar, uma delegação da Fuerza Aérea Argentina (FAA) está na Dinamarca avaliando in loco os caças F-16AM/BM MLU que o país está aposentando. Na semana ada, o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Tenente General Juan Martin Paleo, reuniu-se com o Embaixador da Índia Dinesh Bhatia. O embaixador e o general falaram sobre uma visita às instalações da empresa Hindustian Aeronautic Limited (HAL), onde se manifestou o interesse pelo caça-bombardeiro da empresa.

A possível seleção e compra do Tejas, no entanto, pode acabar esbarrando no velho embargo britânico. Londres impõe, desde o final da guerra das Falklands/Malvinas em 1982, um bloqueio no fornecimento de produtos de defesa à Argentina, o que tem sido o maior problema para o país sul-americano na compra de seu novo avião de combate.
Mesmo fabricado e desenvolvido na Índia, o Tejas possui componentes da origem inglesa na sua construção, incluindo o sistema de reabastecimento em voo da Cobham e o assento ejetor da tradicional Martin-Baker. A HAL disse que poderia modificar o avião, mas isso logicamente implicaria em uma aeronave mais cara, bem como uma série de novos testes e certificações.

Durante o exercício conjunto multidomínio de Ciberdefesa e Guerra Eletrônica, o Zona Militar conversou com o ministro da Defesa Jorge Taiana. Questionado se uma decisão sobre a nova aeronave seria realizada até o final do ano, Taiana disse “não sei se até o final do ano, acho que até o final do ano teremos recebido todas as ofertas que foram feitas, e analisaremos todas elas.”
O ministro ainda enfatizou que a decisão “tem de levar em conta não só os aspectos técnicos e a qualidade dos sistemas d’armas da aeronave, mas também tem de ter em conta questões que têm a ver com o financiamento, com os prazos de entrega. São decisões políticas que serão tomadas ao mais alto nível pelo Presidente da República”.

As declarações de Taiana apontam para um adiamento da escolha do novo caça. Segundo o General Brigadeiro Xavier Isaac, comandante da FAA, a intenção era finalizar este processo antes do fim do ano. Na ocasião, também foi anunciado que o Mikoyan MiG-35 russo foi descartado “devido ao contexto internacional e às condições de uma variante que não foi aceita no mercado internacional”.
O país vem tentando a aquisição de aviões novos desde 2015, quando aposentou seus últimos Mirage III e demais variantes. Hoje a Força Aérea Argentina conta com cerca de meia dúzia de jatos A-4AR Fightinghawk, modernizados com aviônicos encontrados no F-16.