O Exército de Libertação Popular da China (PLA) está conduzindo uma série de exercícios militares após a visita de Nancy Pelosi em Taiwan. Nesta sexta-feira (05), o Ministério da Defesa Taiwanês (MND) informou que 68 aviões e 13 embarcações chinesas entraram no Estreito de Taiwan, um número recorde.
O maior número registrado até então era de 56 aviões, durante uma série de incursões realizadas em outubro de 2021. Outubro é o mês em que os dois países celebram seus respectivos dias nacionais, a China no dia 01 e Taiwan no dia 04.

Agora, o PLA acaba de quebrar seu recorde de aeronaves naquela região, em um momento em que as tensões entre Pequim, Taipé e Washington estão em pico.
Pelo Twitter, o MND disse que 68 aviões e 13 navios foram enviados pelo PLA para atividades no Estreito na manhã desta sexta-feira. O Ministério ainda afirma que parte destes vetores “cruzou a linha mediana e comprometeu o status quo do estreito.”
PLA dispatched 68 aircraft and 13 vessels until 17:00 (UTC+8) for the activities around Taiwan Strait, part of which had crossed the median line and jeopardized the status quo of the strait.
— 國防部 Ministry of National Defense, R.O.C. 🇹🇼 (@MoNDefense) August 5, 2022
“As Forças Armas da República da China responderam a tal situação de acordo, com sistemas de vigilância, aeronaves CAP [Patrulha Aérea de Combate], embarcações e sistemas de mísseis. Condenamos tal ação que perturbou nosso espaço aéreo e águas circundantes e continuamos a garantir nossa democracia e liberdade livre de ameaças”, disse o MND na rede social.
O MND reporta que 49 aeronaves foram acompanhadas na Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ), além da linha mediana. A incursão foi composta por 24 caças Su-30MKK, 10 J-16, sete J-10, seis J-11 e aviões Y-8 de guerra eletrônica e antissubmarino (um de cada). Outras 19 aeronaves entraram na ADIZ mas permaneceram fora do marco, que não é reconhecido por Pequim.
49 PLA aircraft (J-10*7, J-11*6, J-16*10, SU-30*24, Y-8 EW and Y-8 ASW ) flew on the east part of the median line of the Taiwan Strait on August 5, 2022. Please check our official website for more information: https://t.co/Ys11BtcCzv pic.twitter.com/MXupW45USe
— 國防部 Ministry of National Defense, R.O.C. 🇹🇼 (@MoNDefense) August 5, 2022
Outra fonte de Taiwan falou à Reuters que 10 embarcações chinesas cruzaram a linha e permaneceram lá, enquanto outras 20 aeronaves cruzaram a linha e voltaram posteriormente.
Um vídeo divulgado pela Força Aérea do PLA (PLAAF) mostra a ilha de Taiwan vista por um dos caças que esteve nas incursões mais recentes.
It's so close to the main island of Taiwan! The video taken by the Chinese Air Force pilots during the exercise today. 😎 pic.twitter.com/tftEHOLOec
— 彩云香江 (@louischeung_hk) August 5, 2022
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Além dos navios e aeronaves, a China também tem disparado mísseis como parte de seus exercícios conjuntos, uma clara demonstração de poder contra Taiwan. Cerca de cinco mísseis balísticos de curto alcance DF-15 caíram na Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Japão, contribuindo para o aumento de tensões na região.
Como esperado, as ações da China foram condenadas pelos EUA. Antony Blinken, Secretário de Estado norte-americano, disse que as manobras são provocativas e que não há justificativa para as ações chinesas. Ao mesmo tempo, Blinken enfatizou que os EUA buscam resolver a crise.
A Casa Branca cancelou um teste com seu principal míssil balístico intercontinental, o LGM-30G Minuteman III, a fim de evitar maiores desentendimentos. O mesmo ocorreu em março, quando um teste com o mesmo míssil foi adiado por conta da invasão da Rússia na Ucrânia.
Unprecedented, I think. Five months after delaying Minuteman III ICBM to avoid tension with Russian over Ukraine, the White House says it is delaying test-launching another ICBM to avoid tension with China over Taiwan. https://t.co/1JJMfYXjbZ
Defense hawks will be fuming now!
— Hans Kristensen (@nukestrat) August 5, 2022
O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, confirmou ao The Washington Post que o embaixador da China nos EUA, Qin Gang, foi chamado à residência presidencial para falar sobre as recentes ações da China. Estas foram categorizadas por Blinken como uma “reação exagerada” à recente visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara de Representantes, ao país.
Pequim, por outro lado, diz que a visita foi uma “ação viciosa e provocativa”. A China já havia ameaçado EUA e Taiwan sobre a visita antes mesmo dela ocorrer, afirmando que os americanos seriam responsabilizados.
Agora, os olhos do mundo parecem ter se desligado um pouco da guerra na Europa, voltando a observar os desenvolvimentos entre Taiwan, China e EUA, à medida que as relações entre os países vão piorando.