As tensões na Ásia chegaram a um ponto alto nesta terça-feira (02) com a chegada de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, em Taiwan. A visita de uma das líderes mais poderosas em Washington é vista por Pequim como uma enorme provocação, sendo gatilho para manobras militares como a entrada de 21 aviões na Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ na sigla inglesa) de Taiwan.
A bordo de um Boeing C-40C Clipper, um 737 BBJ militar, Pelosi pousou em Taipei por volta das 23h00 (horário local), em meio a um clima de sérias ameaças vindas da China. Sirenes de ataque aéreo foram tocadas na China, enquanto caças e defesas aéreas foram acionados na ilha.
This handout picture taken and released by Taiwan’s Ministry of Foreign Affairs on August 2, 2022 shows Speaker of the US House of Representatives Nancy Pelosi with her delegation upon their arrival at Sungshan Airport in Taipei.
📷 Taiwan's Ministry of Foreign Affairs/AFP pic.twitter.com/qfaqTZ6Oaa
— ABS-CBN News (@ABSCBNNews) August 2, 2022
Internautas e jornalistas reportaram que aviões chineses estavam indo em direção a Taiwan, enquanto tanques anfíbios se posicionavam em uma praia da província de Fujian, marcando mais um exercício militar da China.
2) Another video of Chinese army amphibious vehicles spotted on the beaches of Fujian province, which are only a few Km away from the Taiwanese island of Kinmen.#Taiwanchina #Taiwan pic.twitter.com/xpQypwnnQ2
PUBLICIDADE — Indo-Pacific News – Geo-Politics & Defense (@IndoPac_Info) August 2, 2022
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Por volta das 14h00 de Brasília (03h00 em Taiwan), o Ministério da Defesa Taiwanês informou que 21 aviões chineses entraram na ADIZ pelo sudoeste. O grupo foi composto por dez jatos Shenyang J-16, oito Shenyang J-11, um avião-radar KJ-500, um Y-9 de guerra eletrônica e um Y-8 de inteligência (espionagem) eletrônica.
21 PLA aircraft (J-11*8, J-16*10, KJ-500 AEW&C, Y-9 EW and Y-8 ELINT) entered #Taiwan’s southwest ADIZ on August 2, 2022. Please check our official website for more information: https://t.co/F5Qf2OVXao pic.twitter.com/1EJEdsDQGM
— 國防部 Ministry of National Defense, R.O.C. 🇹🇼 (@MoNDefense) August 2, 2022
Durante a chegada de Pelosi, a mídia chinesa chegou a afirmar que caças Sukhoi Su-35 estavam voando em direção à ilha, o que mais tarde foi desmentido pela Defesa de Taiwan, apontando que os rumores eram fake news.
“Enquanto isso, pedimos aos internautas que não divulguem [o rumor] e condenamos veementemente esse ato malicioso”, disse o Ministério.
In response to rumors online that PLA Su-35 fighter jets had crossed Taiwan Strait, that is fake news. Please follow the correct message from our official website: https://t.co/GOxp06SFWU Meanwhile, we urge netizens to not spread it and strongly condemn this malicious act.
— 國防部 Ministry of National Defense, R.O.C. 🇹🇼 (@MoNDefense) August 2, 2022
A presença de aviões chineses na ADIZ de Taiwan é constante. No entanto, 21 aeronaves é um pico de movimento e representa um claro recado do descontentamento da China com a presença de Pelosi na ilha. Entre os dias 26/07 e 01/08, o número de aviões na ADIZ não ou de quatro por dia.
Taiwan é vista pela China como um território rebelde que deve ser reanexado através de sua política de China Única. Toda e qualquer demonstração de independência por parte de Taiwan é combatida pelo vizinho com demonstrações militares no Estreito de Taiwan. As ameaças de uma invasão à ilha são constantes.

Com a chegada da presidente Tsai Ing-wen em 2016, uma forte apoiadora da independência do país, as relações com Pequim pioraram. Ing vê a ilha como um território soberano e reforça a “luta” de seu país pela democracia, comparando a posição de Taiwan com a da Ucrânia, que desde fevereiro trava uma guerra contra a Rússia.
Marinha dos EUA na região
Toda a visita de Pelosi e sua delegação na Ásia esquentou as águas da região. A Marinha dos EUA tem dois navios de desembarque anfíbio perto de Taiwan, o USS Tripoli e o USS America, ambos com caças stealth F-35B.
Além disso, o grupo de batalha do porta-aviões nuclear USS Ronald Reagan navega mais ao sul pelo Mar da China Meridional, com dezenas de caças F/A-18E/F Super Hornet, helicópteros, aviões-radar e de guerra eletrônica.

O Comando da Marinha dos EUA diz que, “embora eles sejam capazes de responder a qualquer eventualidade”, a presença dos navios perto de Taiwan se trata de navegações rotineiras. Além das embarcações, os EUA mantém uma forte presença militar no Japão e Coreia do Sul, com esquadrões de caça e milhares de tropas instaladas nos dois países.