A Total Linhas Aéreas, uma pequena empresa de aviação focada em carga e fretamento, pretende se tornar a primeira companhia fora da Ásia a adquirir aeronaves da fabricante estatal chinesa COMAC, que busca entrar no mercado global de jatos de ageiros, dominado por empresas ocidentais. Paulo Almada, sócio controlador da Total, anunciou que a companhia está em conversações com a COMAC há vários meses e planeja visitá-la em outubro para discutir um possível pedido de até quatro aviões C919.
O ministro Silvio Costa Filho, responsável pelos Portos e Aeroportos do Brasil, revelou que a Total Linhas Aéreas abordou o governo para discutir suas intenções, mas ainda não apresentou um projeto formal. Um possível acordo poderia consolidar os laços entre Brasil e China no setor da aviação antes da visita de estado do presidente chinês Xi Jinping em novembro.
Entretanto, alguns observadores da indústria expressaram ceticismo em relação ao plano de negócios da Total para os jatos da China.
“A indústria está lidando com escassez de suprimentos, mas a COMAC nos disse que poderia entregar a aeronave até março do ano que vem”, disse Almada, que se recusou a compartilhar documentos da negociação, citando um acordo de confidencialidade.
Segundo Almada, a companhia teve que buscar fabricantes fora dos convencionais, como Airbus e Boeing, devido à dificuldade dessas empresas em atender à demanda por novos aviões, em função de limitações na cadeia de suprimentos.
A Embraer, por sua vez, terá vagas de produção a partir de 2026, mas fornece apenas aeronaves com menos de 150 assentos.
A falta de certificação fora da China, especialmente nos EUA e na União Europeia, representa um dos principais desafios para o C919. Atualmente, a Agência de Segurança da Aviação da União Europeia (EASA) está avaliando a aeronave.
Embora a ANAC tenha informado que um pedido formal de certificação ainda não foi protocolado, a Total se compromete a pressionar pela certificação dos aviões chineses no Brasil, de acordo com Almada.