Em maio deste ano a Avianca Brasil encerrou suas operações, deixando assim de participar do mercado doméstico brasileiro de aviação.
Com uma dívida de R$ 3 bilhões, no ato de encerramento das suas operações, a companhia encarou seus últimos meses com muitos problemas judiciais e ameaça de retomada das aeronaves pela empresa de leasing.
Mas, boa parte dessa dívida de German Efromovich, proprietário do Grupo Synergy acionista da Avianca Brasil e Holdings, declarou que em nenhum momento buscou um empréstimo para “segurar” a situação da Avianca Brasil.
De acordo com Efromovich, que recentemente concedeu uma entrevista para o Jornal EL TIEMPO, o empréstimo de aproximadamente US$ 470 milhões, que poderia resolver as dívidas da Avianca Brasil e Holdings no início da crise, foi direcionado para pagar dívidas da sua empresa EISA na área de Petróleo.
Na época, no 4º trimestre de 2018, a intenção era pagar as dívidas com o fundo abutre, como forma de evitar problemas com a penhora das suas empresas, porém, Efromovich pegou esse empréstimo através da United, e colocou como garantia suas ações na Avianca Holdings.
Enquanto o empréstimo de US$ 470 milhões foi através da United, nos meses seguintes a dívida de German Efromovich com o fundo Elliot que teoricamente foi paga com o empréstimo da United, cresceu de forma exponencial, visto os altos juros do empréstimo de alto risco.
Curiosamente, nos últimos meses German Efromovich tentou comprar parte da Alitalia e ainda está tentando comprar parte da incapacitada Jet Airways, todas por cerca de US$ 400 milhões. Efromovich afirma ter dinheiro a vista para realizar essa compra, mas não aponta de onde esse dinheiro será retirado.
Confira a entrevista realizada pelo Portal El Tiempo na íntegra abaixo:
Quais foram os termos do pagamento de crédito?
O prazo a pagar era de 8 anos, com 3 anos de graça em pagamentos de capital.
Que compromisso havia, se você não pagou em que parcelas?
Se você toma um empréstimo para comprar uma casa, você a dá como garantia; Se você não pagar o empréstimo nos termos do contrato, o banco pegará sua casa. Este não é o nosso caso, como não houve inadimplência econômica, a dívida não foi paga, houve uma inadimplência técnica.
O que significa inadimplência técnica?
Como a garantia era as ações, e as ações têm um valor flutuante na bolsa de valores, há uma cláusula no contrato que, se o valor das ações sob garantia fosse menor que uma razão para o valor da dívida, a United teria o direito de assumir a istração da empresa e posteriormente vender as ações, dadas em garantia, para recuperar seu crédito.
Então, a United terá que vender suas ações para salvar sua dívida?
Sim, senhor: o contrato assim determina. Além disso, entendemos que eles podem ter certas restrições para controlar uma empresa fora dos Estados Unidos. Estou preocupado com a implementação de certas transações sob a forma de empréstimos à Avianca, pela United e Kingsland, o que pode levar a uma diluição dos atuais acionistas.
Ou seja: suas ações na Avianca serão vendidas?
Se a Synergy não pagar a dívida integralmente, isso deve ocorrer sem dúvida. O que geralmente acontece é que o juiz do caso coloca as ações em leilão. É muito provável que isso possa acontecer.
Então, você vai perder todas as ações que teve da Avianca?
Se eu não conseguir os recursos para pagar a dívida, haverá o leilão. Com essa venda, a Synergy pagaria sua dívida e sairia do negócio. Não é fácil essa decisão.
Ou seja, você perderá completamente a propriedade majoritária da Avianca?
Sim senhor.
Quando você vai leiloar suas ações e ser comprado por qualquer pessoa, quem será o próximo proprietário da Avianca?
Apesar de respeitarmos totalmente as restrições impostas pelo Tribunal de Nova York, no sentido de não intervir em nenhuma decisão que o governo da Avianca esteja tomando, estou preocupado com a implementação de certas transações na forma de empréstimos à Avianca, da United e Kingsland (empresa de Roberto Kriete, novo presidente do conselho de istração) que podem levar a uma diluição dos atuais acionistas, mesmo antes da realização do leilão.
Isso teria como consequência que, no momento do leilão das ações da Synergy, isso não era mais feito com o prêmio de controle, gerando novamente danos.
Você sabe quem vai intervir nesse leilão?
Em teoria, qualquer pessoa pode intervir no leilão. O que acontece é que algumas empresas não podem controlar diretamente a maioria das empresas no exterior, mas podem ter interesse em comprar. Entendo que a Delta comprou uma porcentagem significativa sem estar no controle da AeroMéxico e se fala em um possível investimento na América Latina.
A United poderia comprar a Avianca, adquirindo suas ações?
Bem, existem as restrições que eu mencionei.
E a Kingsland?
Kingsland é da família Kriete, controlada, dirigida e gerenciada por Roberto Kriete. Não tenho dúvida de que eles estariam interessados em intervir. Procuramos garantir que essa intervenção seja justa, transparente e independente.
Você tem dúvidas sobre esse comportamento?
É uma pena que o Sr. Kriete tenha iniciado sua intervenção através da divulgação de declarações incorretas, como a falência da empresa, que, objetivamente, resultou em um declínio nas ações negociadas. Isso pode ser interpretado como uma manipulação para diminuir o preço do leilão.
Você processou o Sr. Kriete por pânico econômico. Se o juiz falhar, evidentemente, foi um pânico econômico, o que pode acontecer?
É um crime que deve ser sancionado de acordo com o direito penal colombiano.
Enfim, o que quer que falhe, você está condenado a vender suas ações?
Muito provavelmente elas serão vendidos. É claro que o juiz deve permitir que a United faça a conversão de posse deles. Nosso objetivo, respeitando estritamente as decisões e restrições impostas pelo tribunal de Nova York, é usar todos os meios legais à nossa disposição, para garantir que o leilão seja conduzido da maneira mais ampla, transparente e independente possível.
Quero enfatizar que não procuramos impedir a United de recuperar seu crédito, mas queremos buscar a sobrevivência saudável de nossa Avianca.