A pequena frota de turboélices A-29 Super Tucano e AT-6E Wolverine da Força Aérea dos EUA (USAF) pode estar com seus (poucos) dias contados. Os cinco aviões agora deverão ser transferidos ou vendidos para outros países, depois que o Comando de Operações Especiais (SOCOM) selecionou um novo modelo.
A USAF adquiriu três A-29 e dois AT-6 através da licitação Light Attack Experiment (sucessora do Light Attack/Armed Reconnaissance), após uma série de programas e reviravoltas que se iniciaram em 2009. Mas com a recente escolha do AT-802 Sky Warden, um avião agrícola transformado em plataforma militar, estes dois modelos podem logo encerrar suas carreiras nos Estados Unidos.

Segundo Edward Stanhouse, os A-29 do Comando de Operações Especiais da Força Aérea e os AT-6E do Comando de Combate Aéreo “provavelmente acabarão sendo declarados como Artigos de Defesa em Excesso, e procuraremos outros parceiros de missão que possam querer pegá-los”. Stanhouse atua como Diretor Executivo do Programa da Força Aérea para Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR) e Forças de Operações Especiais (SOF).
Artigos de Defesa em Excesso são materiais de defesa selecionados dos estoques dos EUA, que podem ser fornecidos para aliados a um custo muito baixo. As nações parceiras pagam pelo transporte e entrega dos materiais, bem como reforma, se aplicável, explica o The War Zone.

Outra forma de transferir essas aeronaves é através do programa de Vendas Militares Estrangeiras (FMS). Como explicamos em outra matéria, o FMS serve como um facilitador de compras de vários artigos militares, desde canhões à helicópteros e aviões de caça. Nesse método, a Agência de Cooperação em Defesa e Segurança atua como intermediária entre os governos e as fabricantes. A aquisição pode ser financiada tanto pelos EUA quanto pelo país comprador.
“Acho que a probabilidade é potencialmente FMS, porque atualmente temos parceiros FMS que estão voando tanto no AT-6 quanto no A-29”, disse Stanhouse, observando que acredita que “há um pouco de interesse estrangeiro” nos aviões.
No entanto, nenhum país parceiro dos EUA através de FMS opera com o AT-6, apesar do T-6 Texan II, do qual ele deriva, ser amplamente utilizado. Na América do Sul, Colômbia e Argentina empregam o T-6.

O AT-6 foi usado para experimentos adicionais de ataque leve com o Corpo de Fuzileiros Navais e países parceiros, bem como plataforma de demonstração do datalink AEROnet. Já o A-29 foi usado como parte da missão de consultoria externa do Comando de Operações Especiais da Força Aérea. Ao todo, os cinco aviões custaram mais de US$ 200 milhões.
“Eles foram usados para demonstrações, demonstrações de prova de conceito tanto pelo SOCOM quanto pelo Comando de Combate Aéreo”, disse Stanhouse.
Por outro lado, o contrato Armed Overwatch do SOCOM busca uma quantidade bem maior de 75 aviões. E em outra reviravolta, o SOCOM escolheu o AT-802 da Air Tractor/L3Harris como sua nova plataforma. A Sierra Nevada Corp., parceira da Embraer e montadora do A-29 nos EUA, participou do programa com outro avião, o MC-145B Willy Coyote. A Beechcraft seguiu com o T-6E, mas não conseguiu levar o contrato.

Com a escolha de uma nova aeronave – e em maior número – para preencher uma lacuna bastante similar, não faz sentido para a USAF manter uma frota tão pequena de aeronaves a um longo prazo. Sendo assim, é mais fácil vender ou transferir os aviões logo. Porém, os congressistas ainda podem se opor à ideia.
No caso do A-29, não faltam operadores que talvez queiram mais unidades. Segundo a Embraer, 15 países operam seu turboélice, que já foi comprovado em combate em múltiplos cenários. Já para o AT-6, existe um contraste: apenas a Tailândia adquiriu o modelo.
Com informações de Air Force Magazine e The War Zone