A Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou na segunda-feira (23) a intenção reduzir novamente a encomenda dos cargueiros táticos KC-390 fabricados pela Embraer. Com o novo corte, a FAB estará adquirindo 15 aeronaves, sete a menos que as 22 recém negociadas após um primeiro corte.
O pedido original, assinado junto à Embraer em 2014 em dois contratos, estipulava a entrega de 28 aeronaves. Em maio do ano ado a FAB anunciou que iria seguir em frente com a redução unilateral do pedido, com uma rápida reação da Embraer à notícia.

Em entrevista no mês seguinte, o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Carlos Baptista Jr., disse que a fabricante aceitou a renegociação do KC-390 e que a FAB deveria adquirir entre 13 e 16 aviões. Posteriormente foi anunciado que as duas partes chegaram a um acordo após complexas negociações, e a Força Aérea iria seguir com a compra de 22 unidades.
Na última segunda-feira (23), o Brigadeiro teve um encontro com a imprensa geral e especializada para falar sobre o andamento de projetos atuais e futuros da FAB. Neste evento, Baptista Jr. afirmou que a Aeronáutica deve revisar o contrato novamente, reduzindo para 15 o número de aviões pagos e corroborando com sua afirmação na entrevista de 2021.

Segundo a agência O Globo, o Brigadeiro disse que esta nova renegociação fica a par da realidade orçamentária da FAB. A instituição, que também deve encerrar outros dois projetos com a Embraer nos próximos dois meses, não tem fundos para arcar com o KC-390 no curto prazo.
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A Embraer foi procurada pela agência e respondeu, em nota, que “Em relação à questão contratual com a Força Aérea Brasileira (FAB) envolvendo o avião multimissão KC-390, a Embraer informa que possui contrato com a FAB para o fornecimento de 22 unidades.”
Na terça-feira (24), a Embraer disse à Reuters que esta nova redução da encomenda não conta com previsão contratual. Segundo a matéria, a fabricante disse que tomou conhecimento da intenção da União de reduzir unilateralmente de 22 para 15 o número total de aeronaves previstas.

Atualmente a FAB possui cinco KC-390 em serviço com os esquadrões Gordo e Zeus, das bases aéreas de Anápolis (GO) e Galeão (RJ). Baptista também disse que logo a aeronave estará ando por ensaios com o sistema MAFFS para combate a incêndios florestais, uma capacidade que há muito tempo é mencionada para este modelo.
Em paralelo ao corte no KC-390, o Brigadeiro reforçou o pedido de mais quatro aviões de caça Saab F-39E Gripen e as negociações para um segundo lote de 26 aviões.
O caça Gripen e o cargueiro tático da Embraer são os dois projetos mais importantes da FAB no momento, visando a substituição dos caças e jatos de ataque F-5M Tiger IIe AMX A-1M e os turboélices de transporte e reabastecimento C/KC-130M Hércules. Todos são modelos que foram atualizados, mas já são veteranos.

Enquanto os Gripens estão em fases de certificação antes da entrada em serviço, os KC-390 já são quase um “workhorse” da FAB. O modelo foi extensivamente usado durante a Operação COVID-19, transportando materiais, hospitais de campanha, insumos e oxigênio líquido e gasoso. O modelo também foi utilizado em missões de repatriação, ajuda humanitária e obras na Amazônia, transportando veículos pesados.
Baptista Jr. também disse que a Embraer está usando um KC-390 da própria FAB em um tour comercial pela Europa, Oriente Médio e Ásia. O objetivo é apresentar o jato e obter novos clientes. O modelo já foi adquirido por Portugal e Hungria, que compraram cinco e duas unidades, respectivamente.
Quer saber mais sobre o KC-390? Confira esta série de vídeos produzidos pelo Portal Aeroflap na Base Aérea de Anápolis.