Caça F-39 Gripen e jato de reconhecimento R-99 ao fundo. Foto: Sargento Müller Marin/FAB.
A Força Aérea Brasileira (FAB) está avaliando a compra de uma nova aeronave presidencial, um novo lote de caças F-39 Gripen e estuda a aquisição de um novo modelo de avião de caça. As informações foram confirmadas pelo Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, em entrevista ao jornal O Globo.
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A entrevista, publicada no último domingo (11), gira mais em torno da suspeita da participação de militares em uma tentativa de golpe durante os últimos dias do governo de Jair Bolsonaro. Posteriormente, Damasceno foi questionado sobre a situação da FAB, primeiramente sobre a compra de um novo avião para a Presidência da República.
Atualmente, o Grupo de Transporte Especial (GTE) emprega um Airbus A319 ACJ (VC-1) para transportar o presidente e demais membros do Executivo. Popularmente chamado de Aerolula, o VC-1 foi adquirido em 2005 no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir o KC-137 (Boeing 707) usado na função.
Airbus A319 (VC-1) usado para transportar o Presidente Lula e sua comitiva tem 18 anos, poucos lugares e pouca autonomia. Foto: FAB/Sgt Johnson Barros.
A frota de aviões VIP da FAB ainda inclui dois Embraer 190/Lineage 1000 (VC-2) e aeronaves ERJ-135/145 (VC-99) de menor porte. Damasceno mencionou a idade e a autonomia do Airbus VC-1 como fatores para a compra de um novo modelo.
“O nosso avião que atende ao presidente está com 18 anos. Daqui a pouco, a gente começa um processo de aquisição de outro avião. O mercado sempre oferece oportunidades de aviões usados. A autonomia do atual (avião) é boa, mas não é excelente para um país da nossa posição em relação à Europa e à Ásia. Isso é importante para qualquer presidente. Mas ainda estamos analisando cenários”, afirmou o Tenente-Brigadeiro.
Embora o militar não cite nenhum modelo específico, é possível que o Comando da Aeronáutica tenha preferência pelo Airbus A330. A FAB já possui duas dessas aeronaves, designadas KC-30, e que apresentam maior alcance e capacidade de ageiros. Os KC-30 são usados em missões de transporte de longo alcance e ainda devem ser convertidos em aviões-tanque na Europa.
Foto: Gabriel Melo.
Em seguida, Damasceno foi questionado sobre a compra de mais caças Gripen, ao que ele confirmou que o lote atual de 36 aeronaves não atende as necessidades da FAB e que está sendo negociada a ampliação do mesmo lote em até 25%, algo permitido contratualmente. No entanto, o Comandante da FAB ainda disse que “Parte pode ser um segundo lote (de Gripen) e parte uma outra aeronave”, confirmando, pela primeira vez, que a Força Aérea tem interesse em mais uma aeronave de caça (ainda não revelada) além dos F-39.
Em 2023, um slide vazado de uma apresentação da FAB sobre projetos futuros trazia a imagem de um F-16 ao lado de um F-39, embora isso não represente, necessariamente, o interesse específico da FAB pelo F-16, concorrente direto do Gripen. A apresentação também mostra outros modelos, como o Cessna Skycourrier e Grand Caravan em “transporte leve”, helicópteros Black Hawk em “busca e salvamento”, o drone GA-ASI MQ-9 e o jato de patrulha P-8 Poseidon em “Vigilância e reconhecimento”.
Slide de apresentação da FAB traz o F-16 ao lado do F-39 Gripen como “novos caças”.
Especialistas avaliam que possa existir interesse em caças mais leves, do tipo LIFT (Lead-In Fighter Trainer), como o Leonardo M346 italiano e o KAI FA-50 da Coreia do Sul. O Brasil tem uma longa parceria com a Itália na área de defesa, tendo desenvolvido o caça-bombardeiro AMX com o país europeu. No lado da Coreia do Sul, o Brasil mantém boas relações, com Seul tendo selecionado o Embraer C-390 como seu novo avião de transporte militar.
Por fim, o Comandante da Aeronáutica disse que a posição de Lula em relação à FAB é positiva, afirmando que o presidente “se preocupa com o reaparelhamento das Forças Armadas”.
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