A história da Fiji Airways tem seu capítulo inicial no fim da Segunda Guerra Mundial, por intermédio do piloto Harold Gatty. O australiano ganhou fama mundial nos anos anteriores ao conflito, com sua principal façanha sendo a conquista do recorde mundial de circunavegação do globo, realizado em apenas em oito dias no ano de 1931.
Os talentos de Gatty para navegação aérea não aram despercebidos, e durante os anos seguintes, o australiano trabalhou tanto para a Pan American World Airways quanto para o próprio Governo dos Estados Unidos no desdobramento de rotas aéreas na região do Pacífico Sul.
Os anos de guerra cobraram um preço alto em Gatty, que em 1946 resolveu sair de sua terra natal para se fixar em Fiji, comprando a ilha de Katafaga e gerindo uma plantação de cocos. No entanto, essa vida tranquila não estava no sangue de Gatty, que resolveu criar em 1947 um novo negócio: sua própria companhia aérea.
Chamada Katafaga Estates Ltd., a companhia cargueira operou de maneira intermitente até 1951, quando Gatty resolveu dar o próximo o em sua incipiente transportadora aérea, estabelecendo seus primeiros serviços regulares de ageiros. Para demonstrar essa mudança, o australiano promoveu uma alteração completa na imagem da empresa, com o nome Katafaga Estates dando lugar à Fiji Airways.
Os serviços da Fiji Airways se iniciaram oficialmente em 1º de Setembro de 1951, quando um D.H. Dragon Rapide pilotado pelo próprio Gatty realizou um voo entre Suva e Drasa, duas pequenas comunidades dentro da ilha principal de Fiji. Além do De Havilland, a Fiji Airways contou durante seus primeiros anos com um Australia DHA-3 Drover, que também operava serviços regulares entre as ilhas da região.
O D.H. Rapid original da companhia, que serviu como burro de carga da Fiji Airways durante seu primeiros anos de operação. Créditos: Fiji Airways
A companhia contou com a carismática liderança de Harold Gatty até 1957, quando o aviador veio a falecer devido a complicações de saúde. Sem sua grande figura inspiradora, a Fiji Airways entrou à deriva, com apenas a compra da companhia em 1958 pela Qantas australiana, salvando a Fiji Airways da falência total.
Sob nova direção
Sanando os problemas econômicos de seu mais novo investimento, a Qantas desembolsou bons fundos para transformar a pequena Fiji Airways em uma verdadeira companhia aérea regional pan-Pacífico Sul, criando pela primeira vez um link entre as nações insulares da região.
Já que o ambicioso projeto envolvia fundos aquém daqueles que a Qantas desejava empregar, a companhia aérea australiana surgiu com uma ideia criativa: convidar outras nações da região para investirem na Fiji Airways, criando uma empresa de capital misto com propriedade compartilhada entre várias nações da melanésia e polinésia.
Essa estratégia foi inicialmente bem-sucedida. Os governos de Fiji, Tonga, Samoa Ocidental, Nauru, Kiribati e as Ilhas Salomão adquiriram cotas na Fiji Airways até o final dos anos 1960. O projeto foi tão bem recebido que empresas privadas também compraram ações da transportadora nesse período, tais como a Air New Zealand e a BOAC. Para destacar sua nova identidade regional, a companhia seria renomeada Air Pacific em 1970.
No entanto, o novo nome não serviu para atenuar algumas questões internas que começavam a pairar sobre a Fiji Airways/Air Pacific. Durante os anos 70, muitas das pequenas nações insulares que tinham participação na empresa começaram a perseguir o sonho de ter suas próprias companhias aéreas de bandeira, diminuindo assim gradativamente os investimentos reados a Air Pacific.
Para evitar problemas financeiros advindos desse estrangulamento, o governo de Fiji e a Qantas lentamente foram comprando as ações dos outros investidores da companhia, até se tornarem os dois principais acionistas da Air Pacific.
Expansão Internacional
Em 1973, a Fiji Airways/Air Pacific deu um novo grande o em sua história, lançando sua primeira rota verdadeiramente internacional, com voos para Brisbane (Austrália). Naquela época, a Air Pacific também entrou na era dos jatos, operando duas aeronaves BAC One-Eleven Série 479.
Na década seguinte, para atender à crescente demanda do mercado turístico na região da Melanésia, a companhia aérea acrescentou a sua frota a primeira aeronave da fabricante Boeing – um 737-200 – e, no final dos anos 80, foram incorporados os primeiros widebodies da companhia: três Boeing 747-200 e um McDonnell Douglas DC-10-30.

A chegada das aeronaves widebody ilustrou o desejo da companhia aérea de expandir seus voos para outras partes da região do Pacífico e, em 1983, a Fiji Airways/Air Pacific iniciou seus voos para os Estados Unidos, ao lançar voos para Honolulu (Havaí).
A frota e a malha aérea da companhia aérea continuaram a crescer ao longo das décadas de 1980 e 1990, com a chegada de novos Boeing 737, além dos primeiros 767. A Air Pacific também operou alguns ATR 42, que realizavam os voos domésticos e regionais.
Entre os anos 80 até o começo da década de 2000, a Fiji Airways/Air Pacific operou um total de 11 aeronaves 747, todas das séries 200 e 400, a maioria das quais arrendadas da Qantas.
Os dois 747 mais duradouros da Fiji Airways/Air Pacific foram um par de 747-400s que chegaram em 2003 provenientes da Singapore Airlines e que permaneceram na companhia aérea por uma década, até que o encerramento completo das operações com o modelo pela companhia em 2013.
De volta às origens
O retorno da marca Fiji Airways começou a ser cogitado durante a partir de 2007, quando a Air Pacific comprou uma pequena concorrente local chamada Pacific Sun, dando-lhe a oportunidade de fortalecer sua rede doméstica sob a marca Fiji Link.
O processo de incorporação também permitiu a Air Pacific a oportunidade de realizar um grande processo de reestruturação interno, que envolvia a racionalização da malha aérea, além da reformulação da frota da companhia.
Tais projetos consumiram boa parte das energias para uma mudança mais profunda na Air Pacific, que veio se concretizar somente em 2012, quando a marca Air Pacific foi extinguida em prol do retorno da Fiji Airways, em uma tentativa de refletir melhor as origens da companhia aérea e facilitar o marketing da empresa.

Essa mudança finalmente permitiu a Fiji Airways reflorescer, resgatando parte do legado da companhia que estava perdido desde 1970.
Após anos de relativo crescimento, a Fiji Airways foi duramente atingida pela pandemia em 2020, quando metade dos funcionários da transportadora foram demitidos, com um impacto significativo na indústria do turismo. No entanto, desde a reabertura das fronteiras do país, o turismo em Fiji se recuperou, com a Fiji Airways retomando boa parte de suas rotas.
Em 2025, a grande notícia por parte da companhia aérea foi seu ingresso oficial na Oneworld, uma das principais alianças mundiais no segmento aeronáutico. Parceira do grupo desde 2018, a Fiji Airways se torna o 15º membro da união, que oferece a seus clientes diversos benefícios, entre os quais o programa de fidelidade American Airlines AAdvantage.
Atualmente a frota da Air Fiji é composta por 23 aeronaves, dos modelos Airbus A330 e A350, além de Boeings dos tipos 737 MAX 8 e 737-800. Os ATR-72 e ATR-42, e De Havilland DHC-6-400 da companhia são operados pela subsidiária Fiji Link.