Enquanto investe nos caças Saab F-39 Gripen adquiridos em 2014, a Força Aérea Brasileira (FAB) estaria de olho em outro jato para equipar sua aviação de caça. Segundo um renomado portal do exterior, a FAB está negociando um lote de caças F-16, concorrente direto da aeronave sueca já em operação no Brasil.
Conforme matéria da revista Janes publicada nesta quarta-feira (12), um oficial de alto escalão da FAB confirmou que o Comando da Aeronáutica está em conversas com Washington para a aquisição de até 24 caças F-16 Fighting Falcon. As aeronaves seriam de segunda mão, oriundas da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF).
O mesmo oficial disse que as negociações estão em fase inicial, mas que a FAB deseja tomar uma decisão rápida, “potencialmente antes do final de 2024.”
A notícia reforça rumores que surgiram após uma apresentação do próprio Comando da Aeronáutica ao Congresso. Em um dos slides, o F-16 é visto como “novo caça” para Projetos Futuros, ao lado do F-39.

Segundo Janes, a possível compra de caças F-16 pela FAB seria motivada pelo financiamento insuficiente para um segundo lote de caças Gripen. Em 2014, o Governo Federal assinou a compra de 36 Gripen NG (28 monopostos e oito bipostos), jato consagrado vencedor do Projeto FX-2 no ano anterior.
Dez anos depois, a FAB recebeu oito aeronaves, sendo uma usada em campanhas de testes e certificações pela Embraer e a própria Saab. As demais estão lotadas no Esquadrão Jaguar, da Base Aérea de Anápolis, unidade que trabalha na implantação do caça.
A FAB deseja ter o Gripen como substituto para as duas frotas da chamada ‘Primeira Linha’, composta por caças F-5M Tiger II e os caças-bombardeiros AMX A-1. No entanto, os 36 aviões adquiridos em 2014 não são suficientes para assumir o lugar dos jatos, que ainda operam das bases de Santa Cruz (RJ), Canoas (RS) e Santa Maria (RS). Sem recursos financeiros, a Aeronáutica agora busca opções mais em conta.

A pressa da FAB, apontada pelo portal, pode indicar que os F-16 assumirão as funções dos A-1. Com previsão de baixa para 2025, os 11 jatos modernizados são operados pelos esquadrões Poker e Centauro no Rio Grande do Sul, atuando em missões de ataque ao solo e reconhecimento tático.
No mês ado, a Força Aérea Italiana – única operadora do modelo além da FAB – aposentou seus últimos AMX. Os F-5, mais antigos que os A-1, devem seguir em atividade até a próxima década.
F-16 na América Latina
Se as informações de Janes forem confirmadas e a Força Aérea Brasileira realmente venha a comprar os F-16, o Brasil se tornaria o quatro país da América Latina a operar o jato norte-americano.
Um dos maiores sucessos de vendas dos Estados Unidos, o Viper, como é popularmente conhecido, já é operado há tempos pelas forças aéreas do Chile e da Venezuela. Em abril, a Argentina assinou a compra de 24 aviões, também de segunda-mão, mas dos estoques da Dinamarca.

Com mais de 4700 unidades fabricadas, o F-16 permanece em produção pela Lockheed Martin e recebendo encomendas, mesmo sendo um projeto com mais de 50 anos. Trata-se de um modelo consolidado, amplamente empregado em vários conflitos e capaz de desempenhar diversas missões, incluindo as mesmas realizadas pelo AMX na FAB.
Também é uma aeronave modular, que tem recebido constantes atualizações pelos anos. Sua última variante, a Block 70, concorre diretamente com o Gripen E e incorpora elementos encontrados em caças de 5ª geração.
No ado, o F-16 chegou a ser oferecido à FAB em sua variante Block 50/52, onde concorreu pelo projeto F-X com outros modelos como o Su-35 russo, Eurofighter e Mirage 2000-5. O programa acabou sendo cancelado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu primeiro mandato. A FAB optou por caças Mirage 2000 usados da França como ‘tampões’. Com a reabertura da licitação, dessa vez como FX-2, os Estados Unidos ofertaram o F/A-18 Super Hornet, que disputou o contrato com o Dassault Rafale e Saab Gripen NG.
Segundo o levantamento World Air Forces 2024 de Flightglobal, a Força Aérea dos Estados Unidos possui 875 caças F-16 Fighting Falcon em atividade.