Por que o Brasil pode ser o novo pouso estratégico para fabricantes aeroespaciais dos EUA

Por que o Brasil pode ser o novo pouso estratégico para fabricantes aeroespaciais dos EUA

A decisão da China de suspender entregas de aeronaves da Boeing, em retaliação às tarifas impostas pelos Estados Unidos, sinaliza mais do que uma escalada comercial: ela confirma que a aviação entrou de vez no centro das tensões geopolíticas globais. Neste contexto, um novo cenário se desenha para a indústria aeroespacial — e o Brasil pode estar na rota direta desse reposicionamento.

PUBLICIDADE

Fabricantes americanas de helicópteros e aeronaves, pressionadas por cadeias de suprimentos tensionadas e riscos comerciais crescentes com a Ásia, estão buscando alternativas para expandir ou realocar suas bases de produção. E aqui surge uma pergunta estratégica: onde, no mapa-múndi industrial, elas encontrarão neutralidade política, know-how técnico e o a mercados em desenvolvimento? A resposta pode estar mais próxima do que se imagina.

O Brasil, apesar dos seus próprios desafios, oferece uma combinação rara: Uma das poucas nações com tradição em engenharia aeronáutica e cadeia de fornecedores qualificada, forjada em décadas de protagonismo da Embraer; Um mercado doméstico robusto para helicópteros civis e militares, incluindo setores como segurança pública, óleo e gás, agronegócio e logística; Uma posição geográfica privilegiada para exportação aos vizinhos latino-americanos e para atuação estratégica na África.

Se olharmos pelo ângulo da fabricante americana que deseja instalar uma nova planta no Brasil, os benefícios são evidentes. Estabelecer-se aqui permitiria manter a produção fora de zonas de tensão direta com a China, ar mercados alternativos e, com as parcerias certas, até usar o Brasil como plataforma para exportações com acordos bilaterais vantajosos.

Claro, há pedras na pista: a insegurança jurídica, o custo Brasil e a ainda nebulosa reforma tributária são fatores que exigem atenção. Mas há uma janela de oportunidade: o Brasil pode — e deve — se apresentar como um “porto seguro industrial” para os EUA, em vez de espectador da disputa entre titãs.

O momento é de diplomacia econômica estratégica. Um plano de atração de indústrias aeroespaciais, com incentivos inteligentes, zonas industriais voltadas à exportação e apoio institucional, pode transformar o país em um novo polo de tecnologia de defesa e aviação.

A aviação sempre foi um reflexo do espírito de seu tempo. E neste tempo de tensões e realinhamentos, o Brasil tem a chance rara de levantar voo com autonomia, estratégia e ambição. Conseguimos ajustar o plano de voo de forma eficaz? A oportunidade está no radar. Resta saber se saberemos decolar, ou se taxiaremos em círculos, assistindo outros países ocuparem o espaço que poderíamos liderar.

PUBLICIDADE

Ivan Dilly

Autor: Ivan Dilly

Advogado. LL.M., Mestre em Direito pela University of California, Berkeley School of Law/USA. MBA pela FIA Business School – Fundação Instituto de istração/SP. Especialista em Direito das Relações de Consumo pela PUC/SP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Especialista em Direito Empresarial pela Universidade Mackenzie/SP. Pós-graduado pela Harvard Law School/USA. Pós-graduado pela Stanford University/USA. Pós-graduado pela Hague Academy of International Law/Holanda.

Categorias: Aviação Geral, Ivan Dilly, Notícias, Notícias, Setor Aéreo

Tags: brasil, China, Estados Unidos, fabricantes aeroespaciais

x