O recente acidente com um caça F-35 mostrou a resiliência dos tripulantes do porta-aviões USS Carl Vinson. Em apenas 45 minutos a equipe foi capaz de reparar os danos causados pelo caça, deixando a embarcação em condições de lançar e receber aeronaves novamente.
No dia 24 de janeiro, um caça stealth F-35C Lightning II do esquadrão VFA-147 Argonauts bateu no convés do USS Carl Vinson (CVN-70) durante operações de rotina no Mar da China Meridional. A aeronave de 5ª Geração tentava pousar no navio, quando colidiu no porta-aviões, pegando fogo e deslizando de lado pelo convés de voo até cair na água.
O acidente deixou sete militares feridos (o piloto do caça e seis marinheiros a bordo do Carl Vinson), além de causar danos extensos na embarcação. Um oficial de defesa, falando ao portal Defense News em condição de anonimato, deu detalhes dos momentos que se seguiram ao acidente.
“Quando o acidente aconteceu, tínhamos aeronaves adicionais voando e que precisavam pousar”, disse o militar, afirmando que o que foi aprendido no treinamento foi usado imediatamente.
O F-35 arrancou os quatro cabos de aço do convés, usados para desacelerar as aeronaves no pouso, impedindo que as outras aeronaves voltassem para o Carl Vinson. Também havia outros detritos significativos espalhados pelo convés, inclusive nas catapultas usadas para lançar aeronaves do convés de voo.
O oficial conta que a prioridade era limpar as catapultas para que um F/A-18 Super Hornet, configurado como avião-tanque, pudesse decolar para reabastecer as outras aeronaves. A tripulação realizou quatro ou cinco caminhadas pelo convés para recolher qualquer objeto que pudesse danificar as aeronaves, o chamado FOD (Foreign Object Damage).
Enquanto o Carl Vinson estava inoperante, as aeronaves pousaram em outro porta-aviões dos EUA que operava na área, o USS Abraham Lincoln. “Dentro de 30 a 45 minutos, estávamos prontos para receber aeronaves” depois de substituir todos os quatro cabos de retenção, disse o oficial. “Limpamos e deixamos as coisas prontas para que pudéssemos estar de volta à luta.”
Os aviões que pousaram no Lincoln voltaram ao CVN-70 ainda no mesmo dia.

O militar elogiou a tripulação por não apenas ser rápida em responder, mas também por se adaptar rapidamente. Durante as operações de voo, um helicóptero se mantém no ar para servir como plataforma de busca e salvamento, se necessário.
Neste acidente, o helicóptero foi capaz de encontrar o piloto do F-35 e tirá-lo da água rapidamente. Contudo, o convés estava cheio de tripulantes que trabalhavam para reparar o navio. Por isso, a aeronave teve que pousar no elevador do porta-aviões para que o piloto pudesse receber tratamento a bordo, disse o oficial.
O Capitão P. Scott Miller, comandante do Carl Vinson, disse a repórteres durante uma visita de dois dias nos dias 13 e 14 de fevereiro que era “gratificante” ver a prova de que o treinamento de emergência da tripulação foi eficaz.

“A tripulação do navio e a ala aérea se uniram e forneceram a resposta perfeita. Para mim, o que isso validou foi toda a nossa trilha de treinamento, onde fazemos nossos trabalhos com todas as organizações de treinamento em casa, nos preparou perfeitamente”, disse Miller.
Viagem turbulenta
Segundo o portal, o acidente com o F-35 foi o mais grave dentre cinco que marcaram esta última viagem do CVN-70 que teve início em agosto. Todos foram incidentes de Classe A, ou seja, do tipo mais grave e que normalmente envolve, feridos ou danos a partir de US$ 2.5 milhões. Dois sinistros envolveram caças Super Hornet: uma das aeronaves sofreu um pequeno incêndio e outra apresentou um código de erro em voo.
Nos outros dois casos, um tiltrotor CMV-22 Osprey sofreu um incêndio no motor, enquanto um helicóptero de guerra antissubmarino MH-60R Sea Hawk teve seu sonar arrancando durante uma operação.

Miller disse que os quatro acidentes foram “tratados perfeitamente” e todas as aeronaves envolvidas “serão restauradas para a funcionalidade total”.
No entanto, a Marinha ainda trabalha para descobrir quem foi responsável por vazar as imagens do acidente com o F-35, além de buscar meios para retirar a aeronave de última geração do fundo do mar.
“É desafiador hoje em nosso ambiente de informação, onde todo mundo tem um telefone no bolso, e todo telefone tem uma câmera, e em um instante você pode tirar uma foto e compartilhá-la com 100 pessoas”, disse Miller. “Fica muito difícil descobrir quem tirou a foto.”