<p><p>Nesta última quinta-feira (03) o mercado de aviação foi surpreendido com um acordo entre a United Airlines e a BOOM Supersonic. Este é para a encomenda de até 50 aviões supersônicos do modelo Overture, um projeto da fabricante para um avião supersônico de ageiros.</p>
<p>A surpresa foi o grande compromisso, logo a partir de uma companhia norte-americana, em um momento com dois destaques na aviação: A recente paralização do projeto de avião supersônico da Aerion; e Regras cada vez mais rígidas para o setor sobre a emissão de CO2.</p>
<p>Mesmo assim a United decidiu seguir com a encomenda, e para colaborar, a BOOM continua tocando seu projeto do Overture, que já conta com um protótipo em menor escala para testar algumas tecnologias.</p>
<p>No entanto, a própria empresa que está desenvolvendo o avião sabe da dificuldade de criar novas tecnologias, e a entrega da primeira aeronave pode ocorrer somente em 2029, no prazo <a href="https://www.aeroflap.com.br/joe-biden-acredita-que-em-breve-teremos-avioes-supersonicos-nos-voos-comerciais/">mais otimista disponível atualmente.</a></p>
<p>Até mesmo a confirmação da encomenda depende dos requisitos exigidos pela United Airlines. Além da companhia norte-americana, o Virgin Group e a JAL tem investimentos e parceria para encomendar aviões da BOOM.</p>
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<h2 style="text-align: center;"><span style="font-size: 18pt;"><strong>Quais são as novas tecnologias?</strong></span></h2>
<p><img class="aligncenter size-medium wp-image-95684" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2020/07/Boom-overture-1160x653-1-800x450.jpg" alt="" width="800" height="450" /></p>
<p>Os principais problemas para criar um substituto do Concorde é obter um avião supersônico com baixo custo de operação, que deve ser realizada também sem limites operacionais. Por este motivo um novo desenvolvimento tecnológico precisa ser realizado.</p>
<p>Ciente deste ponto, a BOOM está há 5 anos trabalhando em colaboração com a NASA e outras fabricantes de aeronaves para obter o avião supersônico ideal. O resultado foi a fabricação de um protótipo em pequena escala, para validar as criações em laboratório.</p>
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<h4><strong>Motor</strong></h4>
<p><img class="aligncenter size-medium wp-image-9235" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2016/07/CmW-tnIUcAAfLq5-800x523.jpg" alt="" width="800" height="523" /></p>
<p>Um dos pontos principais para o desenvolvimento de uma aeronave supersônica é o motor. Este influencia diretamente na viabilidade do avião operar voos, bem como no desempenho.</p>
<p>Neste ponto alguns aviões podem não depender de um pós-combustor, como no caso do conceito lançado pela Aerion, o AS2, que infelizmente foi paralisado. No entanto, o AS2 não prevê voar a Mach 1.9, somente a Mach 1.4, mais &#8220;lento&#8221;.</p>
<p>Uma das promessas para tornar o voo supersônico &#8216;mais barato&#8217; é o conceito de motor com ciclo adaptativo, que está em desenvolvimento pela GE neste momento. Este motor, ao contrário dos comuns &#8216;turbofan&#8217;, prevê três estágios de funcionamento com pós-combustor integrado.</p>
<p>Os três estágios proporcionam uma maior potência em períodos específicos de funcionamento, ou a máxima economia possível de combustível em outros períodos de voo. A USAF quer utilizar este motor para aumentar o alcance do caça monomotor F-35.</p>
<p><img class="aligncenter size-full wp-image-132180" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2021/06/e191887bc754c0833c5b8c0a8d7bd03b.gif" alt="" width="500" height="282" /></p>
<p>A promessa é obter um consumo de combustível até 25% mesmo no comparativo com os motores atuais, muito mais modernos em comparação com os motores da época do Concorde.</p>
<p>A BOOM não considera utilizar por agora o motor de ciclo adaptativo, e aposta em tecnologias atuais, porém sem novos conceitos. No entanto, a United exigiu no contrato que o motor seja capaz de queimar 100% de combustível sustentável, e atualmente poucos motores são capazes de realizar uma operação neste regime.</p>
<p>Você pode conferir mais sobre os motores de ciclo adaptativo <strong><a href="https://www.aeroflap.com.br/ge-conclui-primeiros-testes-com-motor-que-promete-ser-ate-25-mais-economico-em-voos-supersonicos/">Clicando Aqui.</a></strong></p>
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<h4><strong>Materiais e controles</strong></h4>
<p><img class="aligncenter size-medium wp-image-132191" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2021/06/boom-supersonic-800x400.jpg" alt="" width="800" height="400" /></p>
<p>Atualmente as fabricantes já ganharam Know-How com a produção de estruturas em materiais compostos, bem como em impressoras de 3D. Com isso, a BOOM ganha a opção de utilizar materiais mais resistentes, e com uma menor dilatação por temperatura, como a fibra de carbono.</p>
<p>Uma outra vantagem da utilização da fibra de carbono é a redução direta do peso do projeto, bem como a possibilidade de utilizar outros formatos no design da da fuselagem, saindo do padrão cilíndrico. Desta forma, a dominância das ligas de alumínio não estará presente nesta aeronave.</p>
<figure id="attachment_90619" aria-describedby="caption-attachment-90619" style="width: 790px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-90619 size-medium" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2020/05/a220-production-in-us-800x542.jpg" alt="" width="800" height="542" /><figcaption id="caption-attachment-90619" class="wp-caption-text">Seções de fuselagem do Airbus A220.</figcaption></figure>
<p>Na aviação comercial temos claramente este avanço ao comparar o Airbus A319neo com o Airbus A220-300, o último utiliza material composto ao longo de toda a fuselagem, e com a mesma capacidade de ageiros e praticamente o mesmo alcance, tem um peso vazio de 37,08 toneladas, contra 42,6 toneladas do A319neo.</p>
<p>O <a href="https://www.aeroflap.com.br/demonstrador-supersonico-xb-1-pode-voar-no-ano-que-vem/">protótipo XB-1</a>, apresentado em 2020, foi construído considerando essas novas tecnologias. O avião maior, Overture, também seguirá por este caminho.</p>
<p>Na parte de controles, o novo avião já conta com um sistema Full Fly-By-Wire, ao contrário do Concorde que tinha disponível o avô do sistema Fly-By-Wire, ainda nos primórdios do desenvolvimento.</p>
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<h4><strong>Boom sônico</strong></h4>
<p><img class="aligncenter size-medium wp-image-132189" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2021/06/01115638200108-800x450.jpg" alt="" width="800" height="450" /></p>
<p>O principal ponto para o avanço do voo supersônico a pela diminuição do ruído sonoro causado pelo chamado &#8220;boom sônico&#8221;, uma choque de pressão no momento de agem do regime subsônico (abaixo de Mach 1) para o supersônico (acima de Mach 1).</p>
<p>Este choque de pressão pode ser tão forte que as vidraças de prédios e casas são quebradas, na agem do avião. Por este motivo é proibido um avião civil superar Mach 1 durante um voo acima do continente.</p>
<p><img class="wp-image-26688 size-medium" style="-webkit--drag: none; margin-bottom: -1ex; width: 695.995px; display: inline-block;" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2017/06/NASA-is-deg-the-Quiet-Supersonic-X-plane-1-800x442.jpg" alt="" width="800" height="442" />Um dos desenhos de conceito da NASA para o programa QSST (Quiet Supersonic Transport).</p>
<p>Há alguns anos a NASA trabalha para estudar uma forma de diminuir o choque de pressão, e consequentemente o ruído, causado pela transição entre os diferentes regimes de voo. No período atual as fabricantes já conhecem maneiras de reduzir o ruído, contudo, <a href="https://www.aeroflap.com.br/faa-abre-corredor-de-teste-para-novas-aeronaves-supersonicas/">alguns testes ainda precisam ser realizados com aviões na vida real.</a></p>
<p>A BOOM, assim como a Aerion, não descreve que os seu projeto será capaz de superar a velocidade de Mach 1 com os novos desenvolvimentos aerodinâmicos da NASA. Contudo, <a href="https://www.aeroflap.com.br/boom-technology-diz-que-ja-existe-tecnologia-para-evitar-ruido-supersonico/">a BOOM já citou anteriormente</a> que existe tecnologia para evitar altos ruídos no Estrondo Sônico.</p>
<p>Este é um ponto crucial na viabilidade do projeto, devido ao fato de permitir rotas importantes acima dos continentes, como de Nova York a Los Angeles, ou de Paris a Moscou e Pequim, com aviões supersônicos.</p>
<p>O objetivo geral é conseguir reduzir o ruído no solo de 105 PLdB, como registrado pelo Concorde, para 75 PLdB, com as novas tecnologias. A preocupação geral de todos os desenvolvedores é saber qual será o limite de barulho em solo, com isso já é possível ter uma meta geral para os projetos, de modo que haja mais consistência entre as Agências Regulamentadoras e as empresas.</p>
<p>O desenvolvimento desse tipo de tecnologia, <a href="https://www.aerospacetestinginternational.com/opinion/how-maths-and-supercomputers-are-solving-the-sonic-boom.html">que conta até com a colaboração de supercomputadores</a>, aumenta a expectativa de encomendas, a viabilidade comercial e de projeto da aeronave.</p>
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<h2 style="text-align: center;"><strong><span style="font-size: 18pt;">Com os aviões supersônicos, quais são as prováveis rotas?</span></strong></h2>
<p>Um questionamento claro do nosso público é quais as rotas a United Airlines planeja operar com este tipo de avião. Alguns são possíveis de imaginar, como uma rota entre Nova York e Londres em apenas três horas, duas cidades com uma boa demanda corporativa e vários voos &#8220;normais&#8221;, subsônicos, operando todos os dias.</p>
<p>Com uma configuração de 55 assentos em Primeira Classe, logicamente, os destinos precisarão ter uma demanda para voos de alto custo, assim como na época do Concorde. O Overture tem quase o mesmo tamanho do Concorde, e pode receber uma configuração para algo entre 65 e 88 ageiros.</p>
<p><img class="aligncenter size-full wp-image-132190" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2021/06/overture-interior-experience-800x547-1.jpg" alt="" width="800" height="547" /></p>
<p>Analisando as rotas mais &#8220;&#8221; da United, podemos ver que o Overture, se for capaz de realizar voos supersônicos acima dos continentes, é capaz de cumprir inicialmente voos entre cinco cidades diferentes, sendo duas dentro dos Estados Unidos.</p>
<p>Com alcance de 7860 km, o Overture será capaz de cumprir voos a partir de Washington (Dulles) ou Nova York (Newark) até Londres (Heathrow), Paris (CDG) e Frankfurt. Outros destinos Europeus também podem ser beneficiados posteriormente, como Madri (Espanha), Milão (Itália), Zurique (Suíça) e Copenhague (Dinamarca).</p>
<p>Um pouco de alcance a mais e o Overture pode realizar voos sem escalas entre Seattle, na costa leste dos Estados Unidos, e Tóquio, no Japão.</p>
<figure id="attachment_131834" aria-describedby="caption-attachment-131834" style="width: 790px" class="wp-caption aligncenter"><img class="size-medium wp-image-131834" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2021/06/united-boom-800x428.jpg" alt="United Boom Overture" width="800" height="428" /><figcaption id="caption-attachment-131834" class="wp-caption-text">Foto: BOOM Supersonic</figcaption></figure>
<p>No lado dos Estados Unidos, o Overture é capaz de realizar voos entre Nova York e Los Angeles, bem como entre Houston (Texas), principal hub da United e Los Angeles.</p>
<p>Posteriormente a companhia pode expandir esses voos para algo entre Houston e Nova York, ligando dois hubs da empresa e possibilitando uma ligação 100% supersônica, porém com conexão/escala, entre Houston e Nova York.</p>
<p>No entanto, o acordo inicial da United prevê que a companhia aérea faça uma encomenda firme de 15 aviões Overture, se a BOOM cumprir os requisitos de projeto. Esta pode ser expandida para até 50 aeronaves, através das opções de compra.</p>
<p>A quantidade de 15 aviões é suficiente para atender 5 ou 6 destinos diariamente, no entanto, mais destinos podem ser explorados com 50 aviões na frota.</p>
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Qual o planejamento da United Airlines ao encomendar aviões supersônicos?
por '@pedro


Autor: Pedro Viana
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