A Força Aérea da Romênia (RoAF) retornou a voar com seus caças MiG-21 LanceR modernizados após mais de um mês de operações pausadas. Ao mesmo tempo, o Ministério da Defesa está acelerando compra de 32 caças F-16 da Noruega.
Em 15 de abril, o Ministério da Defesa (MApN) informou que a frota de MiG-21 estava aterrada após uma série de acidentes fatais, uma decisão tomada por ordem do Chefe do Estado-Maior da Defesa, General Daniel Petrescu.

Na época, o MApN disse que a medida foi tomada devido “à incidência significativa de eventos e acidentes aéreos durante a operação de aeronaves MiG-21 LanceR que resultaram em múltiplas baixas e aeronaves danificadas ou destruídas”.
A decisão visava “melhorar a segurança da aviação e prevenir eventos e acidentes aéreos, reduzindo os riscos associados a falhas técnicas”.

O mais recente acidente com um MiG-21 romeno ocorreu em 02 de março, quando uma aeronave caiu durante uma missão de patrulha, matando o piloto. Um helicóptero IAR-330 enviado para procurar o local do acidente também caiu, matando os sete tripulantes.
Uma análise preliminar descobriu que o acidente provavelmente se deveu a “uma combinação de fatores humanos e ambientais”.
O Ministério deu autorização à RoAF para voltar a voar com os veteranos MiGs por mais um ano, enquanto segue as negociações com a Noruega.

“Nos últimos dois meses, aceleramos nossos contatos com o lado norueguês e com os EUA, para acelerar a aquisição do F-16. Também conversamos com meu colega português para manutenção de aeronaves e treinamento de pilotos”, afirmou o ministro da Defesa, Vasile Dincu, em comunicado transmitido pela emissora Digi24 na terça-feira (24).
Os caças serão operados de forma limitada, sendo empregados apenas em missões de policiamento aéreo e voos de treinamento para manter a proficiência dos pilotos. Apesar de veteranos, os MiG-21 romenos foram extensivamente modernizados e constituem a espinha dorsal da frota de caças da RoAF, com cerca de 20 aeronaves em operação.
A partir de maio de 2023, os caças serão aposentados e substituídos pelos F-16AM/BM Fighting Falcon. Atualmente a RoAF opera 17 F-16 usados de Portugal, adquiridos em 2016, e está no processo catalizar a compra outros 32 recém aposentados pela Força Aérea Norueguesa. O negócio, aprovado pelo parlamento romeno no final de 2021, é avaliado em 454 milhões de euros (US$ 486 milhões).

“O projeto de lei que aprova esta aquisição ou pela fase de transparência legislativa e está em processo de aprovação”, disse o ministério em comunicado. “[Ele] será apresentado ao Parlamento romeno o mais rápido possível.”
Ao mesmo tempo, os romenos já tem olhos para o futuro: o governo estabeleceu planos para comprar caças stealth F-35 na próxima década.

MiG-21 atualizado por Israel
Entre 1995 e 2002, a companhia israelense Elbit Systems e sua parceira romena Aerostar Bacău iniciaram um extenso programa de atualização de 110 caças MiG-21 Fishbed das versões MiG-21M, MiG-21MF, MiG-21MF-75 e MiG-21UM para os padrões LanceR A, LanceR B e LanceR C.
O R maiúsculo no nome LanceR refere-se à Romênia.
As aeronaves receberam integração com armamentos novos, como mísseis Rafael Python III e R.550 Magic II e o casulo Litening, além de manter a compatibilidade com os armamentos de origem soviética presentes nos estoques da RoAF, como os mísseis R-60 e o R-73 mais novo, ambos de curto alcance.
A modernização também adicionou novos sistemas de navegação e comunicação, aviônicos modernos, HUD (display ao nível dos olhos), telas multifuncionais, comandos HOTAS, radares Elta EL/M-2032 para a versão LanceR-C de superioridade aérea e Elta EL/M-2001B para os LanceR A e B. O pod de contramedidas eletrônicas Elta EL/L-8222R também pode ser usado pelo MiG-21 modernizado.
Outro importante instrumento integrado foi o capacete com display integrado (HMD) Elbit DASH. Com ele, o piloto pode olhar para fora da aeronave e ainda ver informações de voo primárias, como rumo e altitude, mas também fazer a pontaria e emprego de armamentos.

Com o upgrade, os MiG-21 romenos aram a ter instrumentos e aviônicos similares aos encontrados em caças de 4ª geração. O radar EL/M-2032, por exemplo, é páreo ao APG-66 usado no F-16. O programa de atualização tornou o LanceR uma das versões mais modernas do caça MiG21 de origem soviética que é, até hoje, a aeronave supersônica mais produzida de todos os tempos.