O presidente da Saab Canadá está acusando o governo canadense de ter desrespeitado as regras da licitação do projeto Future Fighter Capability, cujo o F-35 sagrou-se vencedor.
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Em uma audiência com o comitê da Câmara dos Comuns, Simon Carroll, CEO do braço canadense da companhia sueca, disse que as autoridades em Ottawa estavam abordando questões com a Lockheed Martin (fabricante do F-35) e o governo dos Estados Unidos que já deveriam ter sido acordadas durante a licitação.
A vitória do jato de 5ª geração dos EUA foi anunciada em março. O modelo “invisível aos radares” superou o Saab Gripen E, finalista da competição.
Gripen E sueco voando com quatro mísseis Meteor e dois mísseis IRIS-T. Foto: Saab
“Declarações recentes do governo indicaram que o Canadá está negociando custo, cronograma de entrega e benefícios econômicos com nosso concorrente”, disse Carroll ao comitê.
“Não deve haver negociação sobre esses elementos críticos. Esses elementos da resposta dos licitantes deveriam ser comprometidos e avaliados como parte do processo competitivo.” Mais tarde, Carroll acusou o governo de não respeitar o processo que havia sido apresentado à Saab.
Caças F-35 da 48ª Ala de Caça na base aérea de Siauliai, na Lituânia. Foto: USAFE.
Segundo a Radio Canada, a porta-voz da Public Services and Procurement Canada, Michèle LaRose, discordou das afirmações da Saab e disse que o departamento estava seguindo o procedimento correto.
“A fase de finalização ainda está em andamento e está sendo executada conforme especificado nos documentos do concurso”, diz LaRose. “Durante esta fase, o licitante mais bem classificado deve então demonstrar que um contrato potencial atenderia a todos os requisitos do Canadá.”
Mock up do F-35 com cores da RCAF.
A Lockheed Martin se recusou a comentar, dizendo que seria inapropriado dadas as negociações em andamento. A compra dos 88 aviões, avaliada em US$ 19 bilhões, deve ser finalizada ainda neste ano. A previsão é de que os primeiros F-35 canadenses sejam entregues em 2025.
Esta não é a primeira vez que o F-35 é fonte de polêmicas no Canadá. O jato já havia sido selecionado pela Força Aérea Real Canadense em 2010, mas o primeiro-ministro liberal Justin Trudeau se opôs, em 2015, à compra do F-35.
Dois anos depois o Future Fighter Capability foi lançado. Em 2018 a Dassault tirou o Rafale da competição, alegando condições injustas que favoreciam a Lockheed Martin e o F-35. No ano seguinte foi a vez da Airbus se retirar com o Typhoon, novamente sob alegações de favorecimento à Lockheed.
Permaneceram então três aeronaves: o F-35, o Gripen E e o F/A-18 Super Hornet. No final de 2021 o F/A-18, visto como sucessor direto dos CF-188 Hornet, foi excluído da licitação. Segundo o Canadá, o jato da Boeing não atendeu a um requisito não especificado.
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