A Força Aérea da República Tcheca (CzAF) poderá ficar de vez com seus caças JAS-39 Gripen alugados. Pelo menos é o que a Suécia está ofertando caso seu Gripen E seja escolhido pelo país. A proposta também vem pouco depois de ter sido revelado que os tchecos tem preferência pelo F-35.
De acordo com a mídia local, o embaixador sueco na República Tcheca, Fredrik Jörgensen, disse que a CzAF poderá absorver os 12 Gripen C e dois Gripen, que já opera em regime de leasing desde 2005, caso o Gripen E/F mais moderno seja escolhido por Praga.

Falando à Rádio Praga, Jörgensen disse que a frota atual seria modernizada e que a força aérea não teria que adaptar suas bases aéreas para receber um novo modelo. O embaixador também afirmou que a Saab, fabricante dos caças, poderia entregar os aviões em pouco tempo.
O contrato de aluguel dos Gripens C/D foi inicialmente assinado em 2004, renovado em 2015 e se encerra em 2027, podendo ser prorrogado por mais dois anos. Os tchecos querem abandonar a operação por leasing e adquirir seus próprios caças.

O Gripen E, adquirido pela FAB em 2014 e designado no Brasil como F-39, disputa com o Eurofighter Typhoon, o F-16 Block 70 e o favorito dos tchecos, o caça stealth F-35 Lightning II. Segundo o o portal tcheco Echo24, a CzAF conduziu um estudo para avaliar as necessidades da sua aviação de combate, e já entregou para o Ministério da Defesa quais aeronaves podem ser compradas futuramente.
Praga deve escolher seu novo avião ainda neste mês e os suecos já fizeram seu movimento. A CzAF quer adquirir 24 aviões novos, o equivalente a dois esquadrões completos.

A oferta sueca é muito mais em conta: comprar 10 Gripen é mais barato que adquirir 24 F-35. “É possível transferir essas aeronaves atualmente alugadas para a República Tcheca a custo praticamente zero. Elas basicamente já foram pagas, é como alugar um carro”, falou Jörgensen ao portal Seznam Zrápami.
“Nós as consideraríamos basicamente pagas e, com base nisso, poderíamos expandir a cooperação para Gripens da série C ou ainda para os Gripens da série E.”
Jörgensen disse que não querer falar sobre a disputa com outros modelos. O F-35 já venceu o Gripen em disputas na Finlândia e Canadá. O modelo também foi comprado pela Suíça, que retirou o Gripen E da sua licitação, alegando na época que o modelo sueco não estava pronto.

“Quero apenas enfatizar a essência da nossa oferta. Acreditamos que o Gripen da série E é uma das melhores aeronaves do mundo e uma fantástica relação custo/benefício. Nenhum outro fornecedor pode realmente competir conosco nisso”, argumenta o embaixador.
Apesar das afirmações de Jörgensen, o Ministério da Defesa Tcheco disse não saber de nenhuma oferta vinda da Suécia. “Esta é uma informação completamente nova para mim”, afirmou a ministra Jana Černochová, que estava na reunião da OTAN em Madri, Espanha.
“Aqui na cúpula de Madri, o lado sueco não comunicou ou indicou nada nesse sentido. Portanto, posso comentar sobre uma possível oferta somente depois de recebê-la oficialmente e me familiarizar com seus detalhes”, respondeu Černochová ao portal Seznam Zprávy.

De qualquer forma, a transição da CzAF do Gripen C/D para o Gripen E seria bem mais fácil do que para um modelo completamente diferente como o F-35.
“O F-35 é maior e mais potente que o Gripen C/D e o Gripen E/F. Obviamente, isso se reflete no preço de compra, mas sobretudo nos custos operacionais, que são mais altos do que no caso da aeronave sueca”, aponta o analista militar tcheco Dušan Rovenský.
“Se o serviço de novas aeronaves está previsto para 30 anos como padrão, então é uma enorme soma financeira que pode ser economizada no orçamento do estado continuando a operação dos Gripens”, conclui Rovenský.

Além disso, a proposta se dá quando a Suécia, junto da Finlândia, está prestes a aderir à OTAN, aliança militar da qual a República Tcheca também é membro.
O custo de operação do Gripen e do F-35 também foi notado pelos políticos tchecos. Radovan Vích, deputado de oposição, disse ao Seznam Zprávy que prefere o Gripen neste sentido.
“Uma hora de voo do JAS-39 Gripen custa aproximadamente 5 mil dólares (117 mil coroas tchecas). Uma hora de voo do F-35 custa 30 mil dólares (704 mil coroas). Para que faça sentido, cada piloto deve ter 150 horas de voo por ano. Além disso, o treinamento para um novo modelo é uma questão de um ou dois anos”, diz o deputado.

Por outro lado, o custo de aquisição do Gripen E é maior que o do F-35. Enquanto o jato americano “invisível aos radares” custa em torno de US$ 78 milhões, um Gripen E de geração inferior fica na casa dos US$ 85 milhões. Isso é explicado pela enorme quantidade de F-35 comprados contra o Gripen: 810 caças já em operação para o F-35 contra 100 Gripens adquiridos por Brasil (40) e Suécia (60) juntos.