A Força Aérea da Ucrânia (UAF) confirmou hoje (20) pelo Twitter que recebeu “peças de reposição e componentes para a restauração e reparação” da sua frota de aeronaves. No mesmo tweet, a UAF explica que não recebeu aeronaves novas, contrariando afirmações do porta-voz do Pentágono John Kirby.
Officially
Ukraine did not receive new aircraft from partners!
With the assistance of the US Government, @KpsZSU received spare parts and components for the restoration and repair of the fleet of aircraft in the Armed Forces, which will allow to put into service more equipment.— Ukrainian Air Force (@KpsZSU) April 20, 2022
Ao ser questionado ontem (19) sobre a entrega de aviões de caça aos ucranianos, Kirby disse que Kiev recebeu aeronaves adicionais e peças de reposição para aumentar os números de sua frota operacional. O porta-voz não chegou a especificar o modelo nem a procedência das aeronaves.
“Eu diria apenas, sem entrar no que outras nações estão fornecendo, que receberam plataformas e peças adicionais para poder aumentar o tamanho de sua frota”, respondeu Kirby durante uma entrevista coletiva. “Certamente ajudamos no transporte de algumas peças de reposição adicionais que ajudaram nas necessidades de suas aeronaves, mas não transportamos aeronaves inteiras.”
Fontes acreditam que os EUA venderam seus próprios caças MiG-29 à Ucrânia, para serem usados como fontes de peças para as aeronaves da UAF. Em 1997, Washington conseguiu comprar 21 MiG-29 da Moldávia, que não tinha condições de manter as aeronaves após a dissolução da URSS.
https://twitter.com/BabakTaghvaee/status/1516533001596944395
Na época foi alegado que os caças foram comprados para evitar que chegassem ao Irã, já que possuíam a capacidade de empregar armas nucleares. Os aviões foram levados para os EUA onde foram extensivamente estudados e usados em treinamentos de combate aéreo contra aeronaves norte-americanas.
Cabe destacar que os EUA já tinham um programa secreto de exploração e pesquisa de aeronaves de origem soviética, o chamado Constant Peg, desde a década de 1970.
Desde o início do conflito que se aproxima de completar 60 dias, a Rússia não conseguiu obter a superioridade aérea plena na Ucrânia. No entanto, a maior parte dos abates de aviões e helicópteros russos foram identificados como frutos de mísseis antiaéreos, e não dos caças da UAF. A Rússia já perdeu 22 aviões e 34 helicópteros.

Lideranças ucranianas como o próprio presidente Zelensky tem solicitado o envio de caças, especialmente os de origem soviética já presentes na frota da UAF: MiG-29 Fulcrum, Su-27 Flanker e os jatos de ataque Su-25 Frogfoot e Su-24 Fencer. Até mesmo uma “vaquinha” foi lançada para obter recursos para a compra dos aviões.
Polônia, Eslováquia e Bulgária inicialmente rejeitaram a proposta de enviar seus caças à Ucrânia. Não muito tempo depois, os poloneses disponibilizaram sua frota completa de 29 MiG-29 com a condição de que recebessem caças equivalentes (no caso o F-16 Fighting Falcon que já opera) para repor os aviões doados.

Washington, que havia pressionado a Polônia, acabou por recuar, alegando que o envio dos caças escalaria a guerra com a Rússia.
Posteriormente, Eslováquia e Bulgária também se mostraram favoráveis à transferência de seus aviões para a UAF. Os dois países já comparam caças F-16 Block 70 dos EUA, mas ambos deverão receber as primeiras unidades com cerca de um ano de atraso.