Depois de quase um ano proibida de voar, a unidade retoma suas atividades em 2025
A Unidade Memorial da Batalha da Inglaterra (Battle of Britain Memorial Flight, ou simplesmente BBMF) retomou a operação normal de sua frota de aeronaves no último dia 14 de março, após 10 meses de suspensão de atividades.
Os cinco Supermarine Spitfires da instituição, dos modelos Mk.II, V e XVI, e dois Hawker Hurricane Mk. IIC foram temporariamente aterrados após a perda do Spitfire Mk IX (MK356) e seu piloto, o líder do esquadrão Mark Long, em um acidente em 25 de maio de 2024 perto da base de Coningsby.
As aeronaves foram vetadas de participarem de quaisquer shows aéreos desde a data, até que se fosse descartado a possibilidade de falha mecânica como explicação para o desastre. A principal suspeita à época do início das investigações recaia sobre uma falha no motor Rolls-Royce Merlin, aparelho propulsor que equipa praticamente todas as aeronaves da esquadrilha.
Mesmo que a hipótese de falha mecânica no motor tenha sido posteriormente descartada, o inquérito sobre o acidente ainda corre em segredo de justiça, com as investigações sendo feitas pela própria Real Força Aérea (RAF).
Enquanto o relatório final sobre o acidente continua em fase de elaboração, a unidade finalmente recebeu o aval do Governo Britânico e da RAF para retomar suas participações em shows aéreos, com as atividades da esquadrilha gradativamente voltando à normalidade.
O primeiro o na retomada se deu ainda em julho de 2024, quando o Avro Lancaster (PA474) pertencente à esquadrilha foi a primeira aeronave a receber a liberação de voo, enquanto todos os Spitfires e Hurricanes avam por minuciosas revisões.
2025 trouxe novos ventos para a unidade, inclusive com a indicação de um novo líder de esquadrão, que deverá assumir o controle do grupo em fins do ano. O retorno do Douglas Dakota (ZA947) da BBMF também no começo do ano, depois de ar quase dois anos e meio em reformas na Aircraft Restoration Company, também colabora em dar um gás a unidade, que terá quase que certamente um ano bem movimentado pela frente.
O primeiro caça a reaver suas asas foi o Spitfire Mk XVI (TE311), que foi adornado com códigos fictícios ‘L-NG’ em seu lado estibordo em homenagem ao líder de esquadrão Long. Enquanto isso, o lado bombordo do Spit mantém as marcações originais do esquadrão 322 (holandês) e os códigos ‘3W-M’.
Se esperam que grandes celebrações aconteçam no Reino Unido durante 2025, marcando o 80º aniversário do Dia da Vitória na Europa e o 85º aniversário da Batalha da Grã-Bretanha, datas até hoje significativas para a Real Força Aérea e as forças armadas inglesas.
A UNIDADE E SUA IMPORTÂNCIA PARA A AVIAÇÃO
Fundada em 11 de julho de 1957, a Unidade Memorial da Batalha da Inglaterra é uma das instituições mais antigas em funcionamento no quesito preservação de aeronaves. Criado como um grupo de status especial junto a Real Força Aérea, o voo se encontra atualmente subordinado ao No. 1 Group (Air Combat) da RAF.

A BBMF tem sua casa principal na base de RAF Coningsby, no leste da Inglaterra. Essa própria base tem um significado especial para a RAF, devido de ser nela que um punhado de esquadrões de Lancasters foram baseados durante a Segunda Guerra, entre eles o famoso 617 ‘Dambusters’.
A unidade é importante por manter o maior grupo de aeronaves impulsionadas com motores Rolls-Royce Merlin ainda em condições de voo no mundo. A BBMF opera cinco Spitfires (seis até o acidente de 2024), dois Hurricanes, um bombardeiro Lancaster e uma aeronave de transporte Douglas Dakota – essa equipada com motores Pratt & Whitney.
Os Rolls-Royce Merlin V12 refrigerados a líquido conquistaram contornos lendários durante o período da Segunda Guerra Mundial, sendo considerado a peça de engenharia mecânica mais importante fabricada pelos ingleses durante todo o conflito.
Foram tais motores que impulsionaram quase todas as versões dos Supermarine Spitfire, Hawker Hurricane, D.H. Mosquito e Avro Lancaster, além das versões finais do mítico NA P-51 Mustang americano, que eram construídos com uma versão licenciada do motor.
Então, conservar os aviões da BBMF em condições de voo é motivo de orgulho para a RAF, mantendo nos céus o símbolo máximo da excelência da engenharia britânica.